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abracei uma gota cristalina
sem tempo e sem medida
sem forma ou distância
corpo-matéria na tabela dos sentidos.
era dezembro a amanhecer
da serra em brumas a perder
e, no entanto, era preciso...
era preciso cantar.
é este delírio, este espanto
este sentir e não tanto...
este querer e me perder
no horizonte sem me haver.
é a manhã a descer
entre sombras por nascer
uma luz que se advinha
sem que a possa chamar minha.
e, no entanto, abraço a gota
cristalina, pura e tão fina
mais parece um olhar
que a teu corpo quer chegar.
e, este mar, agitado sem chegar
não invade o silêncio a marcar.
só as flores repousadas na jarra
dão comunhão na existência
duma qualquer razão.
lm_28.12.2017